28 janeiro 2011

Ébrio

E mais uma vez eu estou bêbado na madrugada. Me permiti escrever, porque bem sei que minha sinceridade é aflorada facilmente por uma latinha de cerveja. E nem venha me dizer que é vergonhoso precisar beber pra poder falar certas coisas. Vamos largar de hipocrisia? Sim, existem os bêbados chatos que lamentam e falam pra cacete. Mas hoje, agora, eu estou bem longe de ser um.
Há dias venho pensando em minha vida, e em quanto tempo perdi vivendo certas ilusões que eu mesmo criei. Não adianta. Sempre vou lembrar de junho de 2010 como o mês da perturbação. Aquele e-mail enviado não sai da minha cabeça. Só eu sei o quanto me arrependo de ter escrito e enviado aquilo no impulso. Isso sim é covardia, não beber e escrever coisas que vêm à cabeça pela simples ilusão de que isso vai te fazer melhor.
Se tirei uma lição disso, posso compartilhá-la com vocês. Não podemos nos prender em ilusões, muito menos em coisas fixas, coisas aquelas que adoramos incorporar no nosso dia-a-dia. Isso nos limita pra caralho e limitações são uma merda. Viver sem preocupações é algo incrivelmente prazeroso.
Sem preocupações, como agora, embalado por latinhas de cerveja sacanas. Eu diria “eu te amo” para uns 17 amigos, eu beijaria umas 5 bocas, uma atrás da outra. Faria sexo com duas pessoas ao mesmo tempo. Sem chegarmos a tal extremo, eu também abriria meu coração para falar que, sim, me apaixonei umas boas duas vezes que me lembro. E achei que estava caminhando para mais uma história viciosa de amor não correspondido por alguém que eu conheço há meses e que troco frases escritas via MSN praticamente todos os dias. Eu achei que estava me perdendo de novo. Mas não. Deixei de dar importância e nada se alimenta com a ausência dela. Desculpe. isso não é mais meu departamento.
Gente. Bebam quando quiserem, bebam mais que isso. Se divirtam, joguem o jogo como se ele fosse apenas um simples jogo de tabuleiro, daqueles que a gente pode se irritar, desmontar e jogar de novo, até criarmos nossa melhor tática para a vitória. Adoro escrever essas coisas, meio clichês, meio autocríticas… Adoro tentar bancar o letrado e escrever coisas maravilhosas que poderiam bem ilustrar páginas de agendas de adolescentes que acham tudo bonito. Mas não é só isso. Não posso me culpar por me expressar melhor com palavras.
E mesmo bêbado, mesmo sobre efeito de álcool, mesmo depois de linhas de textos, volto ao ponto desse meu rompante de “escritor”. Não perca seu tempo com coisas inexpressivas. Mande um “foda-se” para si mesmo e se permita errar. Sem vergonhas, sem medos. Não se leve a sério. Não somos tão sérios assim.
Justamente por não sabermos o que nos irá acontecer amanhã, devemos viver um dia de cada vez. Sem planejamentos. E justo eu, que sempre planejei minunciosamente meus atos, pela primeira vez estou percebendo que um bocado de incerteza não faz mal a ninguém.

(Ao som de Oláfur Arnalds)

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