04 setembro 2008

Quando se entra no jogo.

Ele havia pregado uma peça em si mesmo. Não percebera que a madrugada o acalmava mais que a chuva.
E madrugada tinha todas as noites, ele podia muito bem escolher uma assim que se sentisse triste. Com a chuva não era bem assim.
Quando no dia seguinte, de madrugada, caminhou pelas ruas da capital, sentiu uma paz de espírito muito maior do que a trazida por qualquer chuva. Exceto as tempestades. Ele não gostava delas. Trauma de infância: um vendaval havia destruído o telhado de sua casa.
E ele que achou que se esquecer das visitas dos parentes chatos já era o bastante quando a vida lhe deu mais...
Seguiu durante toda a semana se perguntando qual a surpresa que ela estaria lhe aguardando. Sabia que essa surpresa viria, mas não poderia em hipótese alguma prever quando ela chegaria.
Melhor assim.
Ele gostava disso, a vida lhe tentando, oferecendo algo bom, mas sem previsão de entrega.
E assim continuava. Um dia após o outro, sem querer pular, sem o desejo de fazer o tempo correr, passar mais rápido.
Não sabia ao certo, só sabia que lhe agradava mais essa de viver calmamente o momento do agora. Ele podia sentir tudo com mais clareza e tranquilidade. Nada estava tirando sua alegria. Seu sorriso agora estava mais eterno do que nunca. Seus Déja Vus, mais duradouros. Ele confiava no sentimento que seguia um Déja Vu.
Se atrevia a tentar fazer coisas impensáveis a um ano atrás. Se sentia preparado para qualquer desafio. Se sentia encorajado.
E quanto mais ele se sentia assim, vivo, mais a expectativa aumentava.
Ele não estava afim de fazer. Estava afim de ver tudo sendo feito.
Se sentou em uma cadeira de balanço na madrugada esperando a surpresa chegar.