25 outubro 2009

Monólogo de um final não decidido.

Ao som de New World - DeVotchKa.

"Seguiremos as predisposições dos nossos caminhos. Mas antes, uma ressalva: não me interrompa. Mesmo que eu passe longos períodos calados olhando para o lado oposto ao seu. Não são os olhos apenas que enxergam o mundo à nossa volta, mas toda uma orquestra de sentidos.
E se o olhar para o lado significar fuga, foi tudo milimetricamente planejado. Foi tudo pensado para perdermos tempos que nesse momento ainda não são preciosos, mas que um dia serão. É que há muito caímos na rotina e pelo menos eu não sei como nos tirar de lá. Sempre o mesmo momento. Sempre as mesmas expressões, os mesmos bancos, os mesmos diálogos. E sempre que as mesmas coisas se repetem, o mesmo sentimento de pressão reaparece sugerindo que a qualquer momento tudo pode ir pelos ares dando espaço àquela certeza de deixar tudo para trás para juntos finalmente tentarmos a coisa certa a se fazer.
Isso! Sorrisos. Muitos sorrisos. Não estamos nos separando. Isso nunca vai acontecer porque eu não quero que aconteça. Trarei portanto seus distúrbios para que eu mate meu tempo tentando entendê-los um por um. Firmarei assim a base pela qual passarei a operar nossa complexa guerra de egos. Oras! Sabes que nossos combates são as coisas mais divertidas que existem!
Já ia me esquecendo: deixei um presente no armário. Acho que o estoque será mais que suficiente para todo esse tempo em que não nos virmos. Use-o bem. Não foi fácil encontrar essa quantidade toda de sossego.
Olhe! Os fogos! Parecem saber que vou partir pela segunda vez! Terás hiato de uma semana. Serei o nosso Deus e criarei tudo de novo em silêncio por seis dias. No sétimo, descansarei. Quando ouvir os fogos de novo, saberás que estou de volta.
És a hora. Deixe-me então te dar tchau? Sentirei mais falta dos seus olhos do que de mim mesmo. Ficarei bem. Eu tenho a plena certeza de que tudo isso é momentâneo e representa na verdade a tentativa de um novo recomeço. Pra mim."