20 setembro 2008

(Sim,) Chove.

E o tempo lhe pregou outro susto.
Não era de se esperar, uma quarta-feira qualquer. Ele teria que passar o resto da tarde na faculdade, esperando uma amiga para ir embora juntos. Ficaria duas horas ali, sem nada pra fazer.
Sentou em um dos bancos e esperou. O tempo do relógio não passava. O tempo do clima mudava aos poucos. E ele nem percebia. Pegou um texto para ler. Sabia que não o leria de verdade, mas o simples fato de bancar o ridículo sentado sozinho e sem fazer nada de frente para uma parede lhe incomodava profundamente. Deitou. Cochilou por um momento.
Acordou com um cheiro familiar. De chuva. Mas não chovia.
(O céu borrou a cor)
(Hoje é terça-feira)
Aquela cor cinza matava sua saudade.
Escurecia. Mas não eram nem seis da tarde. Ela finalmente saiu. Eles iriam embora.
Deram alguns passos em direção ao ponto de ônibus quando trovejou.
Choveu.
E ele se lembrou de ter escrito dias atrás: "porque sabia profundamente que os próximos dias lhe reservariam uma surpresa. Uma boa surpresa.
A surpresa não seria a chuva. Mas seria como ela."
Surpresa? Sim.
Na verdade, transição. Estava sentindo o início de mudanças drásticas. Pelo menos estava encorajado a tentar mudar certos hábitos, certas atitudes, deixadas tão de lado.
Sentiu saudade. Sentiu solidão. Sentiu a chuva.
É quando começa a chover que a gente percebe o tempo passando.
E é sempre nessas horas que ele grita para si mesmo:
"Quero mudar. Mas não quero deixar o resto para trás."