30 agosto 2009

A resposta para todas as coisas.

"Acho que é a segunda vez até agora que eu te mando uma espécie de e-mail-texto-desabafo. Mas fique tranquilo, o assunto aqui não é diretamente nenhum problema meu. O simples fato que culminou em me fazer escrever linhas e linhas para você às 3h50 da manhã é algo que tirou meu sono por todo esse fim de semana e que vou detalhar agora porque não aguento mais guardar uma pequena decisão pra mim. Sabe aquela conversa nossa no MSN que eu editei e botei no meu blog? Pois é... Ela é a chave para tudo isso aqui, meu caro! Você vive me dizendo que tem medo que eu não acredite na sua sinceridade para/com a minha pessoa. E eu sempre quis te provar que eu acreditava nela desde o nosso primeiro contato. Andei pensando muito na forma de retribuir todo o respeito que você tem por mim, pensando em como eu poderia retribuir cada momento que você estava presente pra me ajudar, cada sorriso, cada linha escrita por você, cada olhar seu que entendeu o que se passava em minha cabeça. Queria retribuir tudo isso à altura e, igual a você, tinha medo de não conseguir. Com o agravante aqui que eu sou acostumado à subjetividade! Portanto, quadruplique cada sentimento meu e você terá meus verdadeiros sentimentos. Enfim. Aconteceram muitas coisas na minha vida até agora. A maioria das coisas que você possa imaginar eu já deva ter passado. Eu cresci com muita coisa na cabeça, sem saber como agir em certas situações. Talvez pelo fato da criação padronizada de cidade do interior, como você chegou a citar nessa nossa última conversa. E isso é o que sempre me bloqueou para você. Por mais que eu não demonstre, sou uma pessoa completamente dependente. Eu preciso de gente ao meu lado, eu preciso de apoio em qualquer situação. Porque não falo muito sobre os meus problemas, mas é só eu ter pessoas especiais ao meu lado que elas me ajudam a resolvê-los, mesmo sem elas saberem que eu estou passando por qualquer tormenta ou pequena dificuldade. Tenho muita coisa pra falar sobre mim que eu nunca disse pra ninguém. Frase clichê, mas não nesse caso. Coisas que eu tenho vergonha de ter feito e que fiz, sem me arrepender. Isso é papo pra uma madrugada inteira de conversa fluida, regada a bebida e boa música. Eu sei que essa madrugada um dia vai chegar. E eu não quero adiantá-la de forma alguma. Enquanto isso, saiba que eu confio em você da mesma forma que você confia em mim. Você finalmente me encorajou a me abrir mais e eu te disse que conseguirias isso mais cedo ou mais tarde. Saiba também que suas provas de amizade até aqui foram mais que suficientes pra que eu soubesse já a algum tempo que você é "A" pessoa mais apropriada pra ouvir a minha vida por completo. Finalizando, quero deixar aqui uma ressalva, como a escrita logo ali em cima: eu não quero adiantar esse assunto, não quero correr contra o tempo como um desesperado, por mais que você morra de curiosidade. Tudo nessa vida tem um propósito e algum dia ele chegará. Mais rápido do que eu imagino. Mais rápido do que você possa acreditar."

27 agosto 2009

Confissão.

Ao som de When Your Mind's Made Up - Glen Hansard and Markéta Irglova.

Já escrevi milhões de textos sobre como a chuva me transforma. Não tem sido diferente. Aliás, a única diferença aqui é que aprendi a ser mais centrado e feliz sem que gotas precisem cair do céu.
Não sei como, mas mudei. Na verdade podei muitos galhos mortos que atrapalhavam o crescimento de outros. Me surpreendi com o quão vigoroso foi o crescimento deles depois de tudo. Quero abdicar aos poucos dos meus vinte anos de vida medíocre. Não levemos isso ao extremo, mas certamente duas décadas demoraram para que finalmente eu entendesse meu propósito em relação a situações de escolhas importantes. Estamos em reformas.
Você me surpreendeu muito nos últimos dias. E eles foram tão intensos que as surpresas agora começam a ficar escassas. Maçante: definitivamente você não me assusta mais. Pelo contrário, agora é sua previsibilidade que me deixa nervoso. O que me orgulhava era ter visto em você uma pessoa especial, justamente por esconder seu lado precioso, soltando-o sem querer para aqueles que não imaginavam que existiam mais trilhos além do horizonte.
Quinze dias de mudanças, quinze dias de ação. Em um mês me mutei, refleti. Descobri a melhor forma de te abordar. Conquistei território, cheguei bem perto, parei quando tive que ir com calma. E agora não sei o que fazer. Tinha te desarmado, pois o jogo agora mudou. Estou nu, levaram-me as roupas, comidas, decisões. A sobra aqui no canto advém de memórias e pensamentos, dos quais nunca me desapoderarei.
Sim. Já tinha analisado essa situação e achei sinceramente que não chegaria até ela. Mas você se mostrou ser uma espécie de Gabriel, só que escondido. Na verdade o Gabriel que viveu até trinta dias atrás. Me livrei dele para chegar mais perto de ti e o que encontrei? Poderia ficar somente nisso, mas fui tentado a ir mais fundo. O resultado mudou: o seu Gabriel é mais fraco que aquele abolido das nossas vidas.
Isso me deixa sem palavras. Achei a chave do seu ser. Entrei em sua cabeça e me tranquei lá dentro. Agora não sei como sair e a cada dia chove mais. Estou protegido, mas você não. Revivo agora como espectador a vida que eu levava, chegando ao cúmulo de saber qual é sua próxima ação. Neste emaranhado de descobertas, apesar de todas as negativas, ainda gosto de te admirar. Porque sei que por trás desse metal todo ainda surgirá a sinceridade e os desejos daquele Gabriel fraco que agora reside em você. Eu, mais do que ninguém, sei lidar com ele.
E acima de tudo sei o que ele é capaz de fazer.

08 agosto 2009

A filha do vento.

Ao som de The Blower's Daughter - Damien Rice.

Cinco horas da manhã. Eu aqui. Arrebatado, nada cansado. Completamente feliz. Resolvi fazer um balanço da minha vida, tudo o que eu aprendi e descobri naqueles quinze dias sem contato com ninguém. Sim, me isolei. Mesmo. Não encontrei amigos, andei sozinho pelas ruas relembrando bons momentos. Filmes e séries recorrem a esse clichê com certa frequência: ficar sozinho para pensar em si mesmo. Nunca tinha parado para fazer algo assim, mas quando fiz percebi que clichês podem ser verdadeiros.
Marquei a data da minha mudança. Dois de agosto, meu aniversário. Quando a gente quer muito uma coisa, a gente chega até ela. Legal, mais um clichê que provo ser verdadeiro. Decidi então deixar de sofrer por pessoas e situações antecipadas. Quero sempre nosso bem. Nosso. Mais do que nunca. O medo não desapareceu mas está escondido, com vergonha dele mesmo. Lógico que ele ainda vai aparecer mais algumas vezes, só que terá medo dele próprio, medo de se pronuciar, até se calar por completo.
Estávamos todos ali e por um momento aconteceu. Fração de segundos. Foi esse o terceiro clichê. Do meu lado, enquanto andávamos, você disse duas palavras. Era algo até previsível, mas não vindo de ti. Confesso, fiquei sem reação. Virei levemente o rosto para você, quis te responder. As palavras não saíram. Não teria resposta pronta. Foi tão inesperado que julguei ter tido um sonho. Mas sua voz não me confunde. E eu já tinha sonhado com você.
A noite me surpreende cada vez mais. Queria te tocar, te sentir, queria sentir os seus cabelos. E fiz tudo isso sem você saber. Foi algo tão simples na verdade, que nem percebestes. O meu presente secreto de aniversário. Não tive você aos meus pés, mas ao meu lado. Tirei sua armadura e sorri quando antes eu teria ficado preocupado. É um bom começo. E um bom sinal. Olhar nos teus olhos e ver aquela pessoa que eu havia visto apenas uma vez foi incrível... Não podia te exigir mais. Foi um bom começo. E um bom sinal.
Não me preocupo mais com o amanhã. Os imprevistos do "hoje" me agradaram mais. Sofri por antecipar as coisas, já disse. O clichê de parar de sofrer antecipadamente funcionou e me fez completamente feliz quando vi teus olhos falando comigo, mais do que o seu corpo pudesse falar.
Os olhos. Eles mais uma vez te entregaram. Você sabia disso? Foi como você disse que seria.
Não consigo tirar meus olhos de você.