18 setembro 2009

Um pai.

Ao som de The Grand Finale - Danny Elfman.

Disse a um amigo que às vezes me sinto como se fosse um pai. Interessante descrever: aquele sentimento de carinho misturado com um pouco de possessividade, aquela coisa de sempre querer o bem, sofrer junto, rir, dizer só com o olhar que por mais que ele tente esconder ou queira desesperadamente mostrar, você sempre irá entender todas as suas atitudes. O sentimento que te faz observar de longe e sorrir consigo mesmo, sabendo que as atitudes dele já foram vividas por você, e que ele, só ele, poderá escolher se fará as mesmas coisas ou mudará o próprio final.
No início o pai deslumbra o filho, tem medo de doenças, de machucados ou brigas com os coleguinhas do jardim de infância. Depois o filho cresce, e aprende a andar com as próprias pernas. Cria suas próprias referências, faz suas próprias escolhas. O pai ali, do lado, se torna coadjuvante por alguns momentos. E o filho cresce. E já superficialmente independente começa a se mostrar como um vencedor para seu pai. E cresce. E passa a te cobrar conselhos, começa a perder o medo de desabafar. E você, como um pai, sempre quis que esse momento chegasse. Mas você sempre quis ser ouvido, até antes, e agora se vê sem nada para falar. Faltam palavras, sobram olhares, sorrisos e compreensões.
Um filho transforma um pai. Eu, que sempre fui orgulhoso e dono de mim, por você aprendi a me moldar. Deixar o orgulho de lado, aceitar quando lhe cabe, se mexer quando é devido e necessário. É saber que agora você também cuida de outra vida, que tem mais alguém para te acompanhar, mesmo que esse alguém não esteja perto. É sentir a saudade de estar longe por míseros dois dias. E eu, que sempre fui orgulhoso e dono de mim, ainda ando me acostumando a me deixar de lado para te agradar.
Ensinar e aprender. Você ensina, você aprende. Desperta em si o espírito da humildade. Conjuga mais o verbo compartilhar. E compartilha tudo, do mesmo copo ao mesmo olhar. E em cada gesto sempre dá um jeito de trazer ou levar ensinamentos, usa cada oportunidade para criar lições de vida, desde as mais simples até aquelas difíceis de aceitar.
Eu e meus sentimentos de pai.
Vai filho, cresce. Você finalmente sabe que eu estarei sempre junto, sempre que você precisar.