08 agosto 2009

A filha do vento.

Ao som de The Blower's Daughter - Damien Rice.

Cinco horas da manhã. Eu aqui. Arrebatado, nada cansado. Completamente feliz. Resolvi fazer um balanço da minha vida, tudo o que eu aprendi e descobri naqueles quinze dias sem contato com ninguém. Sim, me isolei. Mesmo. Não encontrei amigos, andei sozinho pelas ruas relembrando bons momentos. Filmes e séries recorrem a esse clichê com certa frequência: ficar sozinho para pensar em si mesmo. Nunca tinha parado para fazer algo assim, mas quando fiz percebi que clichês podem ser verdadeiros.
Marquei a data da minha mudança. Dois de agosto, meu aniversário. Quando a gente quer muito uma coisa, a gente chega até ela. Legal, mais um clichê que provo ser verdadeiro. Decidi então deixar de sofrer por pessoas e situações antecipadas. Quero sempre nosso bem. Nosso. Mais do que nunca. O medo não desapareceu mas está escondido, com vergonha dele mesmo. Lógico que ele ainda vai aparecer mais algumas vezes, só que terá medo dele próprio, medo de se pronuciar, até se calar por completo.
Estávamos todos ali e por um momento aconteceu. Fração de segundos. Foi esse o terceiro clichê. Do meu lado, enquanto andávamos, você disse duas palavras. Era algo até previsível, mas não vindo de ti. Confesso, fiquei sem reação. Virei levemente o rosto para você, quis te responder. As palavras não saíram. Não teria resposta pronta. Foi tão inesperado que julguei ter tido um sonho. Mas sua voz não me confunde. E eu já tinha sonhado com você.
A noite me surpreende cada vez mais. Queria te tocar, te sentir, queria sentir os seus cabelos. E fiz tudo isso sem você saber. Foi algo tão simples na verdade, que nem percebestes. O meu presente secreto de aniversário. Não tive você aos meus pés, mas ao meu lado. Tirei sua armadura e sorri quando antes eu teria ficado preocupado. É um bom começo. E um bom sinal. Olhar nos teus olhos e ver aquela pessoa que eu havia visto apenas uma vez foi incrível... Não podia te exigir mais. Foi um bom começo. E um bom sinal.
Não me preocupo mais com o amanhã. Os imprevistos do "hoje" me agradaram mais. Sofri por antecipar as coisas, já disse. O clichê de parar de sofrer antecipadamente funcionou e me fez completamente feliz quando vi teus olhos falando comigo, mais do que o seu corpo pudesse falar.
Os olhos. Eles mais uma vez te entregaram. Você sabia disso? Foi como você disse que seria.
Não consigo tirar meus olhos de você.